Areia Monazítica
Caminhava longas distâncias com meus pais, irmãos e primos pelas trilhas estreitas de terra que conectavam a casa onde ficávamos durante as “férias grandes” e a Vila do Careiro. Durante a caminhada, o mato roçava nas pernas, as folhas de urtiga feriam a pele como finíssimas lâminas que faziam cortes minúsculos que coçavam e irritavam, só parando pra bater nas folhinhas das “Maria fecha a porta, que teu pai já morreu”, transpúnhamos cancelas rústicas, passávamos por cacauais com copas densas que faziam grandes sombras com seus troncos escuros fixados em terrenos encharcados, cujas raízes serpenteavam e confundiam a mente pueril saturada de histórias de cabocos sobre cobras grandes e de qualquer tamanho, sentia a brisa do rio batendo e o cheiro terroso do humos da lama e o aroma enjoativo das frutas apodrecidas espalhadas pelo chão, e via passar velhas casas abandonadas (e assombradas) com suas cercas distorcidas, cenas que povoavam meu universo de criança. Numa dessas caminhadas,