QUEM VAI AMAR OS GAYS?
No fim-de-semana passado, exibi em nossa reunião no Abrigo R15 o video ”Senhor, salve-nos dos teus seguidores!” E como não podia deixar de ser, o tema sobre homossexualidade veio a tona, pois vimos o autor do documentário armar um confessionário no meio da parada gay (nos EUA), e ali, confessar a quem entrasse, os pecados da igreja evangélica, sua omissão, os maus tratos, o ódio e indiferença desferidos nos útimos trinta anos, desde que a AIDS apareceu no mundo, sendo vista como instrumento de disciplina divina contra a “praga” gay.
Pergunto: Se a igreja se omite e odeia, quem vai amar os gays?
Creio que parte da resposta se concentra na nossa necessidade de encarnarmos o Evangelho de Cristo.
Se nós não encarnarmos o Evangelho da graça de uma vez por todas, e se não materializarmos o amor de Jesus em forma de envolvimento compassivo, não só vamos continuar ignorando o assunto como se não existisse, como também continuaremos a vestir a roupagem do fariseu, passando ao largo, evocando pragas bíblicas, atirando pedras de acusação, imprecando textos de condenação e culpa, tão somente para depois inutilmente tentar aliviar a consciência pesada, por não termos feito nada de útil para ajudar no processo de abordagem do assunto.
E toda ação da igreja hoje, não passa de um mal ajambrado disfarce de homofobia camuflada e muitas vezes, aberta e escrachada.
A análise de alguns segimentos da igreja evangélica de hoje, é que Deus não aceita a homossexualidade, por isso se pleiteia a autorização para tratar os gays com indiferença, ódio e discriminação, arrojados pela pretensão de mandar alguns pecadores pro inferno por antecipação (entre esses, os homossexuais, são os primeiros de sua lista negra), numa versão não autorizada da seleção do joio e do trigo, coisa essa que diz respeito exclusivamente a Deus, o Reto Juiz e seus anjos, e isso, no dia da ceifa, no Juízo Final.
Ao meu ver, biblicamente falando, a homossexualidade é pecado. É uma distorção, um desvio, uma flecha que erra o alvo, do ideal de Deus para seus filhos, trazendo no bojo dessa desobediência moral, rasgos de dor e grandes frustrações.
Mas mesmo assim, os gays são criaturas amadas por Deus, criadas à Sua imagem e semelhança, objetos de Seu Amor inalterável.
Por isso, Deus não os trata como seres anômalos, como aberrações dignas do inferno, mas como objetos de Seu Amor incondicional.
Se Deus é assim, tão pródigo em Seu amor, e se Jesus agasalhou amorosamente em Seus braços os marginalizados de sua época, então devo acolher toda diversidade de pessoas, inclusive o homossexual.
Mas então, que tipo de abordagem devo ter a esse respeito?
Penso que tenho o dever cristão de amá-lo irrestritamente como meu próximo, sem imposições e exigências comportamentais, e não me aproximar vendo-o apenas como um campo missionário difícil, mas como meu amigo, e independentemente de sua opção, vê-lo sob a ótica do Reino, aceitá-lo, ser igreja acolhedora para ele, viver simplesmente o Evangelho.
Dostoievski disse que amar é ver as pessoas como Deus projetou que elas fossem. Sendo assim, devo esperar ver o ideal de Deus na vida de meus amigos homossexuais, anelando vê-los livres, como resultado da sua própria experiência com Jesus, um dia impactados pela Graça absurda.
Mas, se não houver transformação ou algum tipo de mudança comportamental esperada a curto, médio ou longo prazo? Creio que minha obrigação é continuar amando, é acolher, é compartilhar a vida com ele, sem prazo estipulado de mudança, sem esperar nada em troca, caminhando no dia-a-dia, criando laços de fraternidade e convivência amiga.
A arte final de tudo isso, é esperar ver os contornos definitivos do belo quadro que Deus está pintando em cada um de nós, e ver o resultado da ação de Deus na vida de nossos amigos que abraçaram a homossexualidade como estilo de vida, sendo ajudados pelo Espírito Santo, andando com Jesus, e tomando a decisão pessoal de abandonar vícios e hábitos escravizantes e na área afetiva poderem até optar mais tarde pelo interesse no sexo oposto, casar, ter filhos, etc, ou como acontece via de regra na grande maioria das vezes, optar por ser um eunuco pro Reino, já que doravante sempre vai ser tentado no âmbito da sua homossexualidade latente, podendo entretanto, tornar-se um grande instrumento nas mãos de Deus e se tornar referencial de vida a todos que se achegarem a ele.
Comentários
Que texto impactante:PolÊmino,ousado,totalmente nescessário abordar esse assunto,esclarecedor,amoroso.
Partilho da mesma visão que o senhor.Tenho amigos que são homossexuais, são amigos de verdade, ótimos profissinais, bons filhos, pessoas que dão valor a sua pessoae a vida, que se guardam, tem princípios,NÃO SÃO PROMÍSCUOS. muito pelo contrário.Espero que o povo de Deus acorde pra essa realidade alarmante nas igrejas,falo de modo em geral!
Prabéns pelo post!!
Abraço na família!!
Abração!
É realmente difícil saber como lidar quando muitas vezes sentimos que amar é ser condescendente.
Precisamos aprender a amar como Deus nos ama mesmo quando estamos fazendo algo que com certeza não agrada a Ele.
E é muito difícil acreditar no amor que a maioria dos cristãos dizem ter pelos gays ou por qualquer outro grupo de pessoas que agem de maneira que parece ir contra o comportamento de um cristão.
Curti essa postagem por demais!
Franca, direta, amável...
Parabéns!
Mas uma coisa eu aprendi no Abrigo: "Pregue a palavra, se necessário, use as palavras."
Compaixão é algo que sentimos e enxergamos de longe,eles também,então esse é o nosso papel como igreja; Sermos compassivo com a pessoa, pq não é todo mundo que teve ,ainda ,a graça de conhecer Deus como a gente conhece.