EVANGELISMO E TUCUNARÉ, TUDO A VER
Ontem, meu filho do coração e amigo do peito Alexandre Godeau mandou uma foto antiga pelo Facebook, de quando passava as férias com a família e amigos no retiro Monte Sião, às margens do rio Urubu. A data, marcada em vermelho, marca o ano de 20o4. À propósito, coincidentemente, ontem, no Abrigo R15, falei na mensagem sobre evangelismo tipo "corrico colorido", que se utiliza da ação social como uma isca para as pessoas aceitarem Jesus, e expus rapidamente como esse tipo de abordagem evangelística e a pesca do tucunaré são parecidas.
Primeiro, precisa-se definir aqui e explicar o que seja corrico. Na verdade é uma modalidade de pescaria de anzol que consiste em o pescador imprimir à canoa uma marcha lenta e contínua, deixando a linha estendida à tona da água para que o peixe seja atraído pelos saltos da isca e venha prender-se ao anzol. A isca originalmente é uma "colher" de alumínio simples, com um anzol preso na ponta, Mais os que eu usava eram mais sofisticados, um peixe artificial de acrílico bem colorido com dois ou três anzóis presos em cima em baixo. Quando o lindo "peixe" tremulava brilhando quase na superfície da água, vinha o tucunaré a toda velocidade e abocanhava o suculento peixe. o resto vocês ja sabem...sentia-se o sopapo na linha, e se puxava o peixe relutante até à canoa.
O evangelismo que se utiliza da assistência social como isca, tem tudo a ver com o que fazem com o "pobre" tucunaré. A ação social se torna uma meio para se atingir um fim. É o evangelismo com segundas intenções, contanto que depois se pregue, e a pessoa aceite a Jesus, tudo é válido. Diferentemente de Jesus, que disse que seus verdadeiros discípulos deviam fazer o bem, sem esperar receber nada de volta.
John Stott fala que nesse tipo de evangelismo o cheiro de hipocrisia permeia a filantropia e o que nos impele a nos engajarmos nisso é um motivo francamente dissimulado. Não é de admirar que Gandhi tenha dito: "Considero que o proselitismo disfarçado de trabalho humanitário é, no mínimo, doentio. Por que eu deveria mudar de religião devido ao fato de um médico que professa o cristianismo como religião ter me curado de alguma doença?"
Tem igrejas que liberam suas finanças para o setor de assistência social, dão cestas básicas, medicamentos, assistência médica e odontológica em bairros da periferia, não por amor legítimo, não por serem imbuídos do amor encarnacional do Evangelho, não por amarem as pessoas do mundo incondicionalmente até as últimas consequências, mas por interesse denominacional, e já constróem seus templos contíguos a esses lugares onde distribuem comida e remédio, visando aumentarem suas fileiras, acrescentarem mais membros ao rol, para assim, locupletarem suas contas bancárias.
isso é sujeira, é desonesto e não é bíblico. Mesmo com a justificativa de se pregar o Evangelho. Isso é por acúcar no comprimido, é enfeitar o corrico, mas a intenção é menor, o alvo é mesquinho.
Agora, no caso da pescaria do tucunaré, é importante frisar aqui, o quanto esses tucunarés predadores dos rios eram espertos. Nos primeiros anos, eles abocanhavam as iscas tipo colheres. Depois eles já não vinham mais. Era preciso mudar a tática, pondo iscas mais atrativas com penas coloridas, mas eles já se "enjoavam" daquelas, e aí já se colocava os peixes de acrílico, mas no outro ano ja não "compareciam" mais. Assim são as igrejas... mudam de isca, pintam, enfeitam, mas como o povo é esperto, sabem distinguir quando estão sendo enganados. Então se afastam, buscando águas mais profundas.
Isso também se aplica às igrejas e grupos religiosos que se utilizam de outros tipos de artefatos coloridos, das iscas enfeitadas das artes, das peças teatrais, dos musicais, dos shows gospel ou de qualquer outro expediente onde sejam usados como moeda de troca ou como isca estimulante, para que no fim, sejam preenchidas fichas e mais fichas de numerosos "decididos". Mesmo porque, sendo aqui absolutamente realista, não existe uma dicotomia que separa minha espiritualidade dos atos ligados à filantropia ou ação social. Tudo é espiritual, e uma coisa ou outra deve ser uma manifestação visível do Reino em mim e do amor, através de mim.
Penso que o verdadeiro evangelismo sem segundas intenções é o de Jesus. É conviver e criar amizades com todos os tipos de pessoas, e isso, sem prazo de mudança. Mudança, libertação, conversão, ir pro céu, isso é área restrita e exclusiva de DEUS. É abrir o coração, e abrigar nele nossos companheiros de jornada, é viver com naturalidade, vivenciar o Reino, criar uma rede de amizades, falar e viver, irradiando no dia-a-dia os valores éticos da Palavra, sem palavra. É se comprometer com o próximo através do serviço despretencioso, agindo e servindo, como Jesus fez, sem retoques.
Primeiro, precisa-se definir aqui e explicar o que seja corrico. Na verdade é uma modalidade de pescaria de anzol que consiste em o pescador imprimir à canoa uma marcha lenta e contínua, deixando a linha estendida à tona da água para que o peixe seja atraído pelos saltos da isca e venha prender-se ao anzol. A isca originalmente é uma "colher" de alumínio simples, com um anzol preso na ponta, Mais os que eu usava eram mais sofisticados, um peixe artificial de acrílico bem colorido com dois ou três anzóis presos em cima em baixo. Quando o lindo "peixe" tremulava brilhando quase na superfície da água, vinha o tucunaré a toda velocidade e abocanhava o suculento peixe. o resto vocês ja sabem...sentia-se o sopapo na linha, e se puxava o peixe relutante até à canoa.
O evangelismo que se utiliza da assistência social como isca, tem tudo a ver com o que fazem com o "pobre" tucunaré. A ação social se torna uma meio para se atingir um fim. É o evangelismo com segundas intenções, contanto que depois se pregue, e a pessoa aceite a Jesus, tudo é válido. Diferentemente de Jesus, que disse que seus verdadeiros discípulos deviam fazer o bem, sem esperar receber nada de volta.
John Stott fala que nesse tipo de evangelismo o cheiro de hipocrisia permeia a filantropia e o que nos impele a nos engajarmos nisso é um motivo francamente dissimulado. Não é de admirar que Gandhi tenha dito: "Considero que o proselitismo disfarçado de trabalho humanitário é, no mínimo, doentio. Por que eu deveria mudar de religião devido ao fato de um médico que professa o cristianismo como religião ter me curado de alguma doença?"
Tem igrejas que liberam suas finanças para o setor de assistência social, dão cestas básicas, medicamentos, assistência médica e odontológica em bairros da periferia, não por amor legítimo, não por serem imbuídos do amor encarnacional do Evangelho, não por amarem as pessoas do mundo incondicionalmente até as últimas consequências, mas por interesse denominacional, e já constróem seus templos contíguos a esses lugares onde distribuem comida e remédio, visando aumentarem suas fileiras, acrescentarem mais membros ao rol, para assim, locupletarem suas contas bancárias.
isso é sujeira, é desonesto e não é bíblico. Mesmo com a justificativa de se pregar o Evangelho. Isso é por acúcar no comprimido, é enfeitar o corrico, mas a intenção é menor, o alvo é mesquinho.
Agora, no caso da pescaria do tucunaré, é importante frisar aqui, o quanto esses tucunarés predadores dos rios eram espertos. Nos primeiros anos, eles abocanhavam as iscas tipo colheres. Depois eles já não vinham mais. Era preciso mudar a tática, pondo iscas mais atrativas com penas coloridas, mas eles já se "enjoavam" daquelas, e aí já se colocava os peixes de acrílico, mas no outro ano ja não "compareciam" mais. Assim são as igrejas... mudam de isca, pintam, enfeitam, mas como o povo é esperto, sabem distinguir quando estão sendo enganados. Então se afastam, buscando águas mais profundas.
Isso também se aplica às igrejas e grupos religiosos que se utilizam de outros tipos de artefatos coloridos, das iscas enfeitadas das artes, das peças teatrais, dos musicais, dos shows gospel ou de qualquer outro expediente onde sejam usados como moeda de troca ou como isca estimulante, para que no fim, sejam preenchidas fichas e mais fichas de numerosos "decididos". Mesmo porque, sendo aqui absolutamente realista, não existe uma dicotomia que separa minha espiritualidade dos atos ligados à filantropia ou ação social. Tudo é espiritual, e uma coisa ou outra deve ser uma manifestação visível do Reino em mim e do amor, através de mim.
Penso que o verdadeiro evangelismo sem segundas intenções é o de Jesus. É conviver e criar amizades com todos os tipos de pessoas, e isso, sem prazo de mudança. Mudança, libertação, conversão, ir pro céu, isso é área restrita e exclusiva de DEUS. É abrir o coração, e abrigar nele nossos companheiros de jornada, é viver com naturalidade, vivenciar o Reino, criar uma rede de amizades, falar e viver, irradiando no dia-a-dia os valores éticos da Palavra, sem palavra. É se comprometer com o próximo através do serviço despretencioso, agindo e servindo, como Jesus fez, sem retoques.
Comentários
Para com isso!!! Show de rock serve pro mesmo propósito mesquinho: Ganhar roqueiros pra Gizus...!!!
Visão demasiadamente crítica e condenatória, o texto traz. Mas que solução ele apresenta? Fica o hiato!
Sinceramente... cansei dessa palhaçada toda. Precisamos de mais cristãos que se pareçam com Cristo.
- Ja vi gente utilizar de argumento fuleiro, mas esse foi de uma idiotice exacerbada: "Show de rock serve pro mesmo propósito mesquinho: Ganhar roqueiros pra Gizus...!!!"
- Não é compativel essa comparação, de um evento à um ação que vem de um coração restaurado e isso não em busca de almas e melhorias no Reino e sim de amar incondicionalmente e deixar o Espirito fazer o que lhe compete.
- Quanto á alternativa pedida pelo irmão: eu o chamo ao saco aqui e propor algo que preste e seja válido, posto que reclamar até comunista faz, quero ver sua pessoa mostrar a cara e propor algo que venha a edificar os irmãos.
- e por que o irmão critica o texto? se sentiu inseguro com a proposição devido à culpa de usar a mesma estratégia barata de assistencialismo espiritual: não tenho "p**** nenhuma" mas vou orar por você irmão, em nome de Jesus"
Mas, como sempre, nós, criaturas sem cinturas, conseguimos transformar boas idéias em muletas - uma verdadeira alquimia 'gáspôu'.
Nos tornamos verdadeiros xiitas ativistas, o greenpeace evanZélico, defendendo e dependendo das programações para que nossas próprias vidas devocionais estejam vivas - se é que isso é vida devocional.
Por conta dessas ralações, acabamos com as relações.
Se todas essas atividades culminassem em relações mais estreitas verticalmente e horizontalmente, um salve a todas elas.
Mas como nos afundamos nelas, nos tornamos popstars de nossos cultos específicos, vigílias temáticas e etc e, enfim, a dependência.
Daí o jeito é dar uma afastada de tudo isso mesmo, do business eclesiástico, e voltar ao básico, o tête-à-tête, o evangelho roots do 'como vai você?', 'tá precisando de algo?', 'conte as boas!'.
Se fôssemos equilibrados, nada disso seria necessário.
"The church that can’t worship must be entertained. And men who can’t lead a church to worship must provide the entertainment."
A. W. Tozer
O problema é antigo.
esse anônimo é engraçado!
Quem julga igreja? Quem põe em dúvida qualquer coisa. Pela misericórdia de Deus existem pessoas que acabam encontrando Jesus apesar da igreja...
Jesus nos chama para sermos discípulos, ele não fazia as coisas com segundas intenções, simplesmente se relacionava com o povo que não resistia o amor que saía dele.
O contexto pode ser qualquer um, show de rock, de forró, barzinho, reuniãozinha em casa... pode ser até numa igreja também...
Tem um texto que eu gosto muito lá no Genizah Virtual, que fala um pouco sobre isso, mas não de forma direta.
http://www.genizahvirtual.com/2010/03/as-12-razoes-para-eliminar-o.html
O ponto aqui, tenho certeza, é muito mais o testemunho pessoal de cristão, do que qualquer outra coisa.
Outro exemplo: Quanto impacto existiria entre os não-crentes quando a igreja se mobiliza em amor ao próximo em momentos de calamidade, como no caso do Rio de Janeiro recentemente.
Nisto os católicos e espíritas sinceros estão mais tarimbados.
Falow!
O que é igreja? (Youtube)
O que vcs acham?!