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Mostrando postagens de dezembro, 2009

FELIZ ANO NOVO

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Tenho ouvido muitos votos furados serem proferidos por gente pretenciosamente religiosa, e as promessas mais furadas jamais cumpridas para o ano novo. Eis aqui algumas delas: - “Pode deixar! Esse ano vou ser melhor pai, melhor marido, vou dar tempo qualitativo ao meu lar...vou passar mais tempo em casa com minha família. 2010 que me aguarde!” - “Esse ano meu objetivo é acabar com a barriguinha indesejada. Vou me dedicar à prática de exercícios físicos, uma hora diária, voltar a fazer caminhadas, freqüentar uma academia e cuidar bem da saúde. Vocês vão ver!”. - “No próximo ano vou começar um regime rigoroso pra emagrecer, dessa vez vai dar certo!" - “Esse ano vou parar de beber. já está decidido. Nunca mais porei mais um copo de cerveja na boca, nem qualquer outra bebida alcoólica. Doravante só tomarei água, chá, suco e refrigerante”. - “Mulher, pode deixar comigo. Esse ano lhe tratarei com a fineza que uma dama é digna. Não vou mais lhe maltratar, antes, a tratarei com a dignidade

Natal na contramão

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Não que eu não goste de Natal. Gosto muito. Minha memória retrocede no tempo e escaneia cenários fugidios de imagens singelas em um tempo que havia um clima de magia e encanto nos natais de minha infância... Os pés de loucura no pátio na frente da casa da Rua Luiz Antony piscando com luzes multicoloridas, a árvore de natal armada na sala, o cheiro de peru assado impregnando toda a casa, a euforia da espera do presente debaixo da cama, as luzes da cidade, as músicas natalinas tocando nas lojas, tudo contribuía para fazer daqueles natais de outrora, uma festa de um magnetismo irresistível. Mas hoje tudo mudou, com raríssimas exceções. Hoje Natal é puro comércio, é consumismo impositivo, é compra-compra, é ostentação, é adquirir mais e mais coisas que jamais vai precisar, é festa promocional para os comerciantes e lojistas abarrotarem seus cofres cada vez maiores. É a adrenalina viciante na hora de entregar o cartão de crédito na loja, e muita frustração nos meses seguintes para tentar pa

RECIFE- Viagem de Reconhecimento

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Entre 1976 e 1983 Recife foi minha casa. Meus pais foram morar lá porque a universidade de Manaus estava exigindo aos professores que tivessem pós-graduação e meu pai então decidiu fazer esse curso na Faculdade de Direito do Recife. Eu era único filho solteiro, e minha ida com eles foi natural, simplesmente tive que acompanhá-los, de livre e compulsória vontade. No início, papai e eu fomos à frente para vermos moradia e um colégio pra mim. Ficamos hospedados em um hotel perto do rio Capiberibe, bem pertinho da Praça Joaquim Nabuco no centro de Recife. De cima do apartamento vi a beleza do centro antigo da cidade, as margens negras do rio cortadas de pontes, as gaivotas em seu vôo rasante, os casarios de fachadas antigas, os edifícios de simetria repetida ao longo das ruas centenárias. O cheiro da maresia, o vento constante, o movimento nas ruas e praças (sem a violência e a criminalidade dos dias atuais), com sua diversidade de sons e cores, vendedores, carregadores, gente apressada, a

MANAUS TEM JEITO SIM!

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Eu pensava que Manaus não tinha mais jeito. Em meus sonhos enevoados, via uma cidade fantasma, desfigurada, com seu centro detonado, os casarios de fachadas antigas abandonados, transformados em covis de ladrões. Acordei e vi que não havia mudança no quadro entre o sonho e a realidade. O trânsito continuava impraticável, a falta de educação dos motoristas nas ruas era gritante, não usando as faixas, fechando os cruzamentos, os barbeiros petulantes que se atravessavam na frente de todos pra tomar a rua oposta, vi ruas esburacadas, despojadas de jardins e árvores, os igarapés fétidos exalando seus eflúvios nauseabundos, a explosão do concreto, o asfaltamento com material de péssima categoria, o desleixo que não cuida em plantar árvores nas calçadas, e as queimadas criminosas que deixam o ar irrespirável e o calor insuportável. Vi a pobreza crescendo vertiginosamente no centro e na periferia da cidade, e os ricos cada vez mais arrogantes, acastelados em seus condomínios intransponíveis. D

OS QUITUTES DA MAMÃE - MEMÓRIAS

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Mamãe era uma artista na cozinha de mão cheia. Ainda hoje salivo quando relembro alguns pratos deliciosos que ela fazia. Algumas de suas receitas eram de lavra própria, outras, porém, lembro bem, eram patrocinadas pelas receitas de um volume grosso intitulado Receitas da Dona Benta – Comer Bem, que ficava sobre a mesa da cozinha de nossa casa estilo europeu construída no início do século passado, situada à Rua Lobo D'Almada. Meu quarto situava-se ao final do corredor da casa, contíguo à cozinha, e talvez por causa disso, e por ser o mais novo dos quatro filhos, vez por outra era solicitado a ser ajudante da mamãe na cozinha. Consultando meus irmãos mais velhos, soube que quando eram mais novos e morávamos na Rua Luiz Antony, eles também foram muitas vezes solicitados pra esses serviços gastronômicos. Nesse tempo, no entanto, eles já eram jovens e rueiros, então cabia a mim e Necil, a única irmã, ajudarmos nossa mãe nos afazeres culinários. Às vezes, éramos chamados para untar uma b

MARÉ ALTA

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O texto aqui exposto, se propõe a revelar o movimento de fluxo e refluxo do amor, indomável e misterioso, quando se precipita, livre e subitamente sobre quem está na praia da vida, à mercê das circuntâncias, para depois experimentar a inundação dessa força irreprimível. Água represada Entre os rebordos Dos fossos erodidos; Estagnada na orla da praia, Nos vãos das pedras, Há muito esquecida... Amor acuado, Aprisionado nas rochas escuras, nos arrecifes recobertas de limo verde E corais arrimadiços, De sargaço espargido, Apodrecido Então desperta de vez... A maré alta invade a areia, Inclemente, urgente... Catadupas de águas revoltas Invadem as reentrâncias das rochas; Transborda aos borbotões Reservatórios de águas tépidas, Inunda o poço latente, Renovando águas estáticas. Águas insanas recrudescem elevadas; Invadindo a areia da praia Rebentando nos vãos das rochas Inundando barreiras de corais Renovando as águas, Recriando exuberância Entremeando vida. Como um anjo volátil Que vertigino

PROFETADA SOBRE RODAS

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Esse texto extraí da edição do jornal dos Atletas de Cristo de outubro de 1997. O autor é o corredor de fómula1 Alex Dias Ribeiro que exibia em seu carro o slogan Jesus Saves. O Desenho é do Biry. Ele é uma ficção, mas pode ser vistas muitas coincidências com a vida real. Vale a pena recordar. O atleta Buscafé andava angustiado, pois queria muito um carro e uma varoa (esposa no evangeliquês). Inconformado, de tanto esperar pela providência divina, ele resolveu ir à luta. Fez corrente dos 70 dias, subiu três vezes o monte das lamentações, bebeu água benta, encharcou-se de óleo ungido, decorou seu mapa astral, fez promessa e danou a correr atrás de tudo que é prece poderosa. Saiu voando pra casa da Tia Dinorah Orozimbra, cheio de fé e esperança em seu coração. Foi atendido pelo Tio Zoroastro, vestido de branco da cabeça aos pés. - Qual o seu problema, meu filho? - estou precisando de um carro e uma varoa, meu irmão. - Não se preocupe meu filho. Pegue a senha sagrada e aguarde sua vez. De