Fazer

Os seres humanos são muito preteciosos. Não falo apenas dos seres humanos considerados em inúmeras comunidades ditas cristãs como perdidos e condenados ao inferno.
Mas falo daqueles que são membros de carteirinha, arrolados nas grandes agremiações da fé, onde se premiam os bem-sucedidos e os que alcançam grandes resultados.
A igreja de nosso tempo está montada na super produção do fazer. Estatística, senso, relatórios. A ordem é faça. Faça. Faça e faça. Hoje em dia quase não se dá mais ênfase naquilo que Deus disse: “Aquietai-vos e sabei que Eu Sou Deus”, ou: “Ficai parados e vede o grande livramento do Senhor”. Na igreja de hoje, o fazer e o ter engolfaram o simplesmente ser.
E é simplesmente ser mesmo, porque ser é simples, como o evangelho é simples. Ser de Jesus. Simplesmente estar à deriva da vontade de Deus e deixar-se levar pela onda de Sua graça incondicional. Essa aventura da fé, quase ninguém experimenta. É isso. Sem cobranças, sem terrorismo, sem prazo de entrega, sem a intimidação que leva a mais culpa. Evangelho é simples. A igreja complica.
O ser sobrepuja infinitamente mais o fazer e o ter porque é por sermos de Jesus, por conhecê-lo e sermos conhecidos Dele (e isso é absolutamente inalterável, porque já fomos escolhidos antes da fundação do mundo, e o que fazemos e produzimos não vai alterar em nada a força irrefreável do amor de Deus por nós) que seremos introduzidos na sala do trono do Leão de Judá. Doutra sorte, ele olhará com seus olhos como chamas de fogo e dirá: “Nunca VOS CONHECI”.
Infelizmente na nossa cultura igrejeira atual, com certeza, se Marta e Maria fossem membros de uma de nossas igrejas, Marta seria elogiada e Maria é que seria repreendida, porque os valores de então, são outros.
Aí eu penso no grau de avaliação de Jesus sobres os grandes empreedimentos humanos e as grandes acões da igreja. Podemos até ouvir o reverberar da frase de Jesus: ‘CONHEÇO AS TUAS OBRAS”.
Porque à luz da Palavra de Deus, toda iniciativa humana destituída de amor, ou fora daquilo que Jesus considera “em Meu Nome”, é fogo fátuo, é palha ao vento, ou como Isaías fala, que nossas melhores obras de excelência, são panos de menstruação, na época antiga, os trapos de imundície.
Mas de forma invertida e contraditória, assim como são os valores essenciais do Reino de Deus, ações consideradas insignificantes que não levantam poeira e não dão ibope, como por exemplo, dar um copo de água fria a um desconhecido, ou o tilintar de duas moedinhas oxidadas caindo no gazofilácio do templo, são motivo de aplausos e elogios no Reino.
Paulo fala que só existe um fundamento que é Jesus, a Rocha Eterna, a Pedra Angular. Ele é o alicerce sobre o qual devemos construir nossa casa. Todos acabamos por sermos construtores. Porque viver é construir ou edificar. Cada desejo que acariciamos, cada pensamento que concebemos, cada palavra que pronunciamos e cada obra que realizamos é por assim dizer, um tijolo na construção de nossa vida.
Mas precisamos ver minuciosamente como e com o que construimos sobre esse alicerce.
Paulo fala sobre construir com palha e madeira. Mas também podemos construir com ouro e prata. No entanto, assim como as casas construídas pelo construtor sábio e pelo nécio foram testadas quando veio a tempestade, assim nossas obras serão provadas pelo fogo da purificação. Se forem palha e madeira, queimarão e serão reduzidas a cinza e pó. Se forem ouro ou prata, se tornarão mais valiosos ainda, quando aquilatadas pelo fogo incandecente que sempre revela o que se é, e não a aparência que engana.
Então quando hoje leio, vejo, assisto e ouço músicas ou mensagens que me vem através da mídia ( e eu não saio mais de casa para assistir cultos ou shows megalomanícos a muito tempo), meu coração lamenta ao ver e ouvir tanta palha, ou em linguagem mais clara, tanta baboseira em nome do Evangelho. Tantas interpretações errôneas que transformam o Evangelho Santo de Jesus em um Manual de Auto-ajuda ou em um Livro de Ritos de passos para se ter sucesso incondicional e dinheiro nos negócios em tempo recorde.
Mas o Evangelho também nos concita a fazer. Mas até o nosso fazer sempre vem de Deus. Nossas obras foram “preparadas antes da fundação do mundo pra que andássemos nelas”. É por isso que Paulo diz: “quer comais, quer bebais ou façais qualquer coisa, FAZEI TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS” e “tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação (obra) , FAZEI-O EM NOME DO SENHOR”.
O que quero dizer com tudo isso, é que precisamos voltar ao Evangelho. Sim, o da graça, o da simplicidade devida à Cristo. Eu quase que conclamo a vocês a uma santa convocação. A de relermos o Sermão do Monte, e relermos as palavras do Mestre, isso sem interferências humanas contraditórias, aquelas que transformam o Evangelho em outro, não o de Cristo.
Voltemos ao Evangelho Simples que não nos julga por nosso pedegree, ou por nossos grandes (e pobres) feitos, mas por simplesmente sermos Dele. É SÓ.
Como diz o João Grilo do filme O Alto da Compadecida, “não sei como foi, só sei que foi assim”.
Manoeldc

Comentários

Gui disse…
Concordo aki tb Reverendo, hahahaha.
Eu tb fui muito mergulhado nesse estilo de vida religiosa ativista que vemos nas igrejas. Teve uma época q eu era presidente da UMP, presidente d Missões, lider d culto de oração, lider d culto nos lares, dava aula na EBD e culto infantil. Era uma loucura.
Crêio que muitos realmente o fazem de bom coração e na melhor das intenções, como fazendo à Deus, mas axo q o problema está na espectatíva q se gera em realizar a atividade, pois geralmente as pessoas q são envolvidas em ministérios se sentem naturalmente espirituais pelo simples fato de estarem realizando a obra de Deus.
Além disso, as outras pessoas também contribuem para q ela se sinta assim, com elogios e convites para pregar ou dirigir uma reunião. Enquanto q outras pessoas q servem a Deus fora de ministérios ou cargos na igreja, não recebem esse reconhecimento dos homens e acabam criando a idéia d q não são tão espirituais quanto aquelas. Axo q é todo um sistema q foi construido assim, e q leva um tempo para se desconstruir, mas q precisa acabar.
Louvo a Deus por ter me resgatado dessa prisão.
Devo isso principalmente ao senhor, (Manel), e o que tenho aprendido no Abrigo.
Abrço
Guilherme

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