A MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA



A igreja em sua caminhada terrestre tem se debatido em meio a muitas discussões a respeito de sua missão precípua. Esse cabo de guerra pendula entre uma visão contemplativa, dicotômica e extática e uma outra, voltada para a integridade do ser humano em todas as suas nuances vivenciais.
Os seguimentos religiosos que adotam a primeira visão podem ser identificados na prática, quando seus líderes provêem treinamentos infindáveis para seus membros estranhamente permanecerem comodamente trancafiados no quartel general (aprisco), por medo de os enviarem para o meio dos lobos (envolvimento tangencial com os desafios do mundo) e dispõem escolas bíblicas dominicais que nunca formam ninguém para alguma área realmente relevante para a vida.
No outro pólo, uma visão direcionada para a prática, de acordo com a perspectiva bíblica segundo a qual não basta falar do amor de Deus, mas vivenciá-lo de forma a encarná-lo em todos os setores da existência humana. Nesse pensamento, o corpo de doutrina e a prática, o que se vive e o que se crê formam um monobloco indivisível, não departamentalizado em sua estrutura original condizente com o modelo de Jesus em Seu Evangelho, e conforme o pensamento lúcido de filósofo cristão Francis Schaeffer.
Essa visão desbanca de uma vez por todas a dicotomia prejudicial que se impregnou no modus vivendis da igreja por séculos e elimina a esquizofrenia crônica que gerou por muito tempo cristãos divididos e neurotizados, subjugados pelo imperativo santo/profano, carnal/espiritual.
Igreja contemporânea! Não basta você reunir uma grande multidão para levantar as mãos em eterna contemplação, acompanhada por acordes anestésicos de músicas/mantras que versam sobre Jesus é minha namorada, e multiplicar expectadores vouyers viciados em testemunhos de cura e sucesso financeiro! Ser igreja vai exponencialmente mais além que isso!
É preciso despertar desse torpor sonolento e descer conscientemente o monte da transfiguração e se defrontar lá em baixo no vale sombrio com a dura realidade da vida, com pais desesperados por seus filhos opressos e dominados pelo mal.
Esse Evangelho integral deve ser vivido e demonstrado em termos de serviço ao mundo. Dietrich Bonheoffer disse que a igreja só será igreja de fato quando for igreja para o mundo, vivendo para amá-la e servi-la sem a pretensão de que somos melhores que ele.
René Padilla mostra que a igreja que se compromete com a missão integral entende que seu propósito não é chegar a ser grande, rica ou politicamente influente (o que tem sido lei no nosso país), mas sim encarnar os valores do reino de Deus e manifestar o amor e a justiça, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário.
Gosto particularmente desse posicionamento, de uma igreja voltada para o Evangelho bíblico, puro e simples com o nome que rotularem, se a igreja sai de suas trincheiras de acomodação, e se volta para atender as necessidades do homem como um todo, visando o libertar emocional, psicológica, social e espiritualmente, então sou membro efetivo dessa igreja!

Comentários

markeetoo disse…
é rapaz, precisamos acordar pra realidade. É muito fácil fazer como os discípulos no monte da transfiguração que acharam q tava tão bom que queriam fazer tendas e ficar curtindo o momento, mas não era essa a intenção de Jesus.
Haverá o momento disso, eu acho, mas enquanto não chega, é mão no arado, trazer a realidade do céu, do Reino de Deus pra a nossa realidade. É cuidar da causa do orfão e da viúva, vestir os nus e alimentar os famintos. Não é só dizer que Jesus ama e pronto. Temos que sair dessa ilusão.
janssem disse…
As igrejas devem deixar essa mania que querer enxergar a realidade de forma romantizada e perceber a realidade como ela é, para isso precisam sair da zona de conforto pra poder perceber essa realidade em que vivemos hoje.
Edjane disse…
Como disse o Janssem, é preciso sair da zona de conforto, perceber a realidade, pois muitas igrejas pouco fazem pelos que estão fora, se preocupam com muitos treinamentos muita teoria e nenhuma prática, é preciso mudar essa visão e ser mais sensível às causas do próximo.

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