PASSAGEM DE ANO NOVO

As lembranças do Ano Novo se instauram nas teias da memória, de forma impressionante. Manaus das minhas reminicências infantis era pacata, o centro da cidade era convidativo, e quase não tinha trânsito. As ruas ainda estavam enfeitadas com as cores do Natal recente. Minha mãe passava o dia nos afazeres culinários, cuidando de tudo para que a ceia fosse perfeita. Aí pelas nove da noite começávamos a nos aprontar para o culto de vigília na Primeira Igreja Batista. Nós púnhamos a roupa nova comprada para as festas de final de ano, roupas às vezes nada confortáveis de tecido de linho engomado e passado à ferro, pinicava de forma irritante, causando arrepíos incontroláveis por todo o corpo. A procura por um taxi na Manaus de outrora, em noite do dia trinta e um era complicado. Mas via de regra, chegávamos a tempo de ouvir os primeiros acordes dedilhados ao piano, tocado pela dona Maria Júlia, a deixa para a entrada dos coralistas que, enfileirados, assumiam s...